sábado, 20 de dezembro de 2008

Plano de Negócio - apresentação

Instituto Alana - Costurando uma nova realidade

1- Apresentação do Empreendimento

Este empreendimento objetiva oferecer soluções para questões sócio-econômicas da comunidade Jardim Pantanal – Zona Leste ( Leste 2) de São Paulo sofreu grande crescimento populacional entre as décadas de 1970 e 1990 com a política de habitação e também com a migração espontânea. Entretanto não houve investimentos em infra-estrutura e postos de trabalho. Pelo contrário, com o passar dos anos algumas empresas deixaram a região. Hoje a Zona Leste é a área mais populosa do município com mais de 2 milhões de habitantes. Apresenta os piores índices de desenvolvimento social e produtivo, com arrecadação fiscal de apenas 17% do Valor Adicional Fiscal contra a Zona Sul que apresenta 31% deste valor. A região denominada Leste 2 participa de apenas 3% do Valor Adicionado Fiscal arrecadado no município.
Devido a esta característica a região é considerada área/bairro dormitório, sem infra-estrutura mínima para habitação e com poucas ofertas de emprego. Esta situação faz com que uma imensidão de pessoas se desloquem, diariamente, em direção ao centro/sul da cidade em busca de postos de trabalho, ocasionando um grande aumento na demanda por transportes para essas regiões.
A Comunidade – Jardim Pantanal se insere neste contexto com alguns agravantes: grande número de famílias vivendo em situação de alta vulnerabilidade, falta de oportunidades de trabalho e praticamente ausência de formação profissional, faz com que a comunidade apresente os piores índices de desenvolvimento, de qualidade de vida e acesso à cidadania. Como conseqüência desta situação, a comunidade apresenta um alto índice de desemprego, maior que o da média da cidade, fruto da baixíssima qualificação escolar e profissional dos moradores, violências de todo tipo, presença do crime organizado, gravidez na adolescência, alcoolismo, muitos problemas de saúde física e mental.
Desta forma ao incentivar a organização de um empreendimento solidário objetivamos a construção de modelos que rompam com os fatores estritamente econômicos, levando em conta as relações de reciprocidade, abrangendo aspectos sociais e políticos, processos participativos e modificações nas relações de gênero.
A prática da economia solidária aparece como ferramenta na busca de soluções para sair da condição 'problema-social'.Com este novo fazer, a população assume uma condição mais protagonista da própria vida e emerge como agente empreendedor.
Este protagonismo reflete na comunidade e dentro da família elevando a auto-estima da população, aumentando os laços de solidadriedade, indivíduos com maior autonomia social e econômica, e a diminuição da violência doméstica.
Este tipo de empreendimento está pautado em novas relações de trabalho – autogestionária e solidária - e uma nova relação de produção
A escolha de uma produção artesanal é por esta possibilitar formas de produção não alienada. MARINHO argumenta que a organização da produção artesanal são esquemas produtivos diferenciados. Esses empreendimentos tem um distanciamento da forma tradicional (fordista/taylorista) de produção, mas necessitam estar sintonizados com os sistemas de comunicação e a outros setores econômicos: turismo, cultura, moda, decoração e tecnologia.
As principais características da produção artesanal é que esta é, fundamentalmente uma expressão subjetiva de quem faz. Sempre em pequena escala, com pequenas diferenciações entre as peças. Entretanto as peças artesanais sempre são analisadas por sua utilidade e funcionalidade precisam ser acessível e também tangível. Não são objetos de contemplação ou estimulo a emoção (MARINHO).
A atividade artesanal como forma de inclusão produtiva necessita investimentos na formação e aprimoramento das técnicas produtivas para uma melhora na qualidade do produto, e também colocar o produtor em conexão com informações econômicas e de mercado, é necessário profissionalizar o artesão. Ao pensar a produção artesanal como possibilidade de desenvolvimento territorial (comunidade), temos uma boa oportunidade para formar pessoas em diversas especialidades para que possam participar, cada qual com sua competência (MARINHO).
O processo de produção artesanal e aprendizagem das técnicas de produção estão ligadas as antiga formas de transmissão de conhecimento – mestre e aprendiz. Muito mais do que ensinar habilidades e técnicas o Mestre-artesão transmitia a seus aprendizes seus valores, princípios e sua forma de relacionar-se com o mundo. Essa relação mestre-aprendiz possibilitava a acumulação de valores compartilhados , necessários para o fortalecimento dos laços comunitários.



1 Para essa análise é usado o Valor Adicionado Fiscal - que corresponde à diferença entre as saídas e as entradas de mercadorias e serviços realizadas pelos contribuintes do ICMS em cada município, declaradas na Guia Informativa Anual, in POCHMANN, M. (org). Reestruturação produtiva – Perspectivas de desenvolvimento local com inclusão social.

2 São Miguel Paulista, Guaianases, Itaquera, Iguatemi, Lajeado, Cidade Líder, José Bonifácio, Cidade Tiradentes, Jardim Helena, Parque do Carmo, Vila Jacuí, Vila Curuçá, Ermelino Matarazzo, São Mateus, São Rafael e Itaim Paulista – aproximadamente 22% da população.

3CASTRO, Dagmar S. P. e NASCIMENTO, A. R. Por um outro desenvolvimento: Gênero e participação em Empreendimentos da Economia solidária.

4MARINHO, Heliane. Artesanato: tendências do segmento e oportunidade de negócio.


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