domingo, 10 de agosto de 2008

Desenvolvimento do grupo em relação aos conteúdos.

Algumas participantes tiveram bastante dificuldades motora no manuseio dos instrumentos (agulha, linha, tesoura), tendo como agravante a falta de escolarização que compromete a compreensão de alguns procedimento que necessitem o uso de régua, esquadro, leitura e cálculo. Outras tiveram bastante dificuldade e lidar com a máquina de costura industrial, chegando ao ponto de se recusar a usar estas máquinas, realizando as atividades apenas nas máquinas caseiras, isso fez com que o ritmo das atividades diminuíssem.
Entretanto parte do grupo apresentou bom desenvolvimento das habilidades manuais e criativas, com bom domínio dos instrumentos de trabalho (máquinas, réguas, tesoura, agulhas, etc), sem deixar de ressaltar a qualidade de alguns trabalhos. Os pontos para bordado que aprenderam aplicaram em trabalhos feitos em casa, de forma espontânea. Uma das participantes declarou que fez uma saia em casa. Outra que costurou almofadas. Outra fez bolsinhas. Entre as participantes que tem maior domínio da máquina de costura 2 já conseguiram trabalho (de forma informal, grande jornada de trabalho e baixa remuneração) em oficinas de costura do bairro. Estas participantes também são as que apresentam menor número de faltas.

Durante os encontros as conversas acontecem em torno de diversos assuntos. Temos ressaltado a importância das habilidades desenvolvidas no processo de escolarização (ler, escrever, contas, etc). Não só para um melhor aproveitamento das atividades, mas também para se tornarem mais preparadas para o mundo do trabalho (que tanto exige de nós) e também, fator importante, ajudar os filhos que estão em idade de escolarização. Outro tema relevante e que mostra muito do universo das participantes é a questão familiar - marido, filhos, cunhados, sogra, mãe. Em relação ao marido é recorrente a presença de posições machistas, alcoolismo e também violência; e aos filhos é atender seus horários (escola), conseguir atendimento na saúde para coisas básicas (bronquite, resfriados, vómitos, etc) e que estes consomem todo tempo das participantes. O acesso aos serviços públicos – saúde, escola, transporte, moradia, também aparecem com frequência. Todos eles são espontâneos e as participantes colocam seu ponto de vista sobre o tema e suas experiências. O grupo de costura é um espaço para fala e troca de experiências, muitas vezes só a possibilidade de falar para alguém, compartilhar e saber que outras vivem coisas parecidas faz com que sintam-se melhor, mais confiante e, até com mais coragem para enfrentar o dia a dia.

No momento considero que as participantes se mostraram envolvidas com o curso. Algumas estão bastante ansiosas em relação ao domínio das técnicas, principalmente a máquina de costura. Foram colaborativas, ou seja, sempre que possível uma ajuda a outra. Muitas vezes essa colaboração ocorreu de forma espontânea (sem minha interferência). Durante a confecção dos coletes (figurino) algumas participantes foram incumbidas de ensinar às demais colegas algum dos procedimentos adotados, o que aconteceu sem recusa.

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